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Empreendedorismo e maternidade? Sim, por favor!

Por Helena Cinci, CEO Agência BOA



“O que vai acontecer comigo, agora que estou grávida?” Seja por pressões da sociedade ou mesmo por um contexto de preconceito arraigado, o fato é que esse, muitas vezes, é um dos primeiros pensamentos que nos veem a mente quando vamos nos tornar mães e, ao mesmo tempo, temos de conciliar uma carreira, seja como empreendedora ou como colaboradora no ambiente corporativo brasileiro.

Não à toa, uma pesquisa recente aponta que uma 3 em cada 7 mulheres têm ou tiveram medo de perder seu emprego em virtude de uma gravidez – porcentagem que pode ser ainda maior em capitais da região Sudeste, como São Paulo, por exemplo.

Como mãe, grávida do segundo filho e proprietária, há quase 10 anos, de uma agência de marketing e eventos, gostaria de compartilhar um pouco de minha experiência nestes dois mundos supostamente inconciliáveis (maternidade e empreendedorismo), com o objetivo de desconstruir alguns paradigmas que, infelizmente, ainda hoje fazem parte do mercado brasileiro e afirmar: sim, é possível empreender, ser mãe e exercer ambas atividades com plenitude!

Quantidade ou qualidade?

O paradigma da “mãe presente”, é, possivelmente, um dos que mais nos amedronta quando nos tornamos mães e temos uma carreira que exige de nós tempo, atenção e cuidado. Em outras palavras:

Como é possível ser uma mãe presente se tenho uma empresa para gerenciar?

Como ficar com o meu filho a maior parte do tempo se sou executiva de uma grande empresa?

Hoje, acredito – tanto após a experiência de um primeiro filho quanto a partir da conversa com especialistas – que as premissas desse raciocínio precisam ser mudadas, afinal de contas, viver um tempo de qualidade com seu filho é muito mais importante, na minha visão, do que acumular uma quantidade de tempo em que há não o equilíbrio das nossas próprias necessidades enquanto mulheres, profissionais e pessoas com anseios.

Sim, quando imergimos em uma carreira, provavelmente será preciso conciliar nosso tempo de maternidade com “outros tempos” que preenchem a nossa vida. Mas isso, embora não seja algo simples, não é uma razão para nos desencorajar, tanto a seguirmos com nossas vidas profissionais, quanto como sermos mãe.

Aproveitar o tempo que temos com nossos filhos, seja ele longo ou mais enxuto, passando-lhes noções de respeito, ligação afetiva e proteção, é algo muito mais significativo do que medir o valor de nossa presença com base nos ponteiros de um relógio.

A arte de não abrir mão de você mesma

Pensar em nossas necessidades e no valor de nosso tempo é fundamental para reforçarmos a ideia de que maternidade não significa abrir mão de nós mesmas enquanto pessoas dotadas de anseios e ambições na carreira e na vida.

Encontrar esse equilíbrio é fundamental, pois, acredito que, sempre que nos abandonamos, acabamos não conseguindo transmitir o tempo de qualidade que desejamos – e isso muitas vezes em uma fase na qual tudo que fazemos reflete, de algum modo, na vida de nossos filhos.

Neste sentido, é importante buscar a plenitude e a satisfação – sem culpa – das necessidades da vida pessoal e profissional, para que, aí sim, possamos dar para os nossos filhos segurança, equilíbrio, períodos harmoniosos e felizes.

O papel masculino

Outra coisa que está se transformando é o papel masculino na criação dos filhos. Em pleno século XXI, simplesmente não faz mais sentido que homens possam se preocupar com suas carreiras, enquanto são pais, e mulheres não possam fazer o mesmo. É preciso que haja colaboração para que ambos possam, ao mesmo tempo, ter uma relação significativa com seus filhos, trabalhos e anseios de vida.

Novamente esse tal de equilíbrio

Tudo bem, mas você pode estar se perguntando: como oferecer um tempo de qualidade para o meu filho com o mundo caindo em meu escritório ou com uma série de metas a serem cumpridas na empresa? É aí que, a meu ver, mora o grande desafio: temos de ser capazes de virar completamente a chave e entender que, o tempo da maternidade é o tempo da maternidade – por mais que nem todos saibam respeitar esse tempo na sociedade atual.

Além disso, vale comentar que não precisamos blindar nossos filhos o tempo todo. Na Europa e nos Estados Unidos, é muito comum mães (e pais), levarem seus filhos, eventualmente, para uma reunião, para um período no escritório ou mesmo para um evento quando não há outras alternativas. Por que nós não podemos fazer isso? Por causa de algumas caras feias do ambiente corporativo?

Pois são esses olhares tortos que temos de vencer se quisermos transformar a forma como o ambiente de negócios brasileiro encara a maternidade. Sim, é possível ser uma grande profissional, uma grande empreendedora e uma ótima mãe. E, embora não haja uma fórmula mágica, penso que o fundamental é encontrarmos um ponto de equilíbrio e de paz, no qual o tempo que temos (com nossos filhos e nosso trabalho) é vivido com atenção genuína, respeito e cuidado. É viver o agora e cada segundo plenamente. Complexo? Claro que sim, mas qual a beleza de viver uma vida sem desafios?

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